a vida para

A vida para,

mesmo que tudo aconteça.

As pernas não te suportam mais,

deixas de conseguir ver e cais.

Sentes o peso do corpo,

como se visses de fora.

Um nó na garganta,

um aperto no peito,

o mundo continua a girar,

esquece-te, ele não espera.

Sentes a falta,

um vazio no olhar.

Questionas o passado,

negas o presente,

duvidas do futuro.

Vês-te debaixo de água,

ouves o ruído de fundo,

desejas abandonar.

Já não te sentes aqui,

a inércia impede-te de nadar.

Sem saberes como

vais conseguindo respirar,

fazes frente ao peso morto

que insiste em contrariar.

O sorriso revela-se,

vai aparecendo tímido,

mas a partir desse dia

a inocência perde-se

e exige talão de troca,

sem questionar.

A culpa corrói cada conquista

faz-te duvidar do festejo,

carrega sobre ti um preço.

Sabes que será um desafio

nada voltará a ser eterno.

Tudo te soa efémero

nada será garantido.

A vida ganha outro sentido

fazes as pazes com o ruído,

desvalorizas o supérfluo

saboreias o que subestimas.

E quando tudo parece escrito,

sem intenção de parágrafo

há algo ou alguém neste mundo

que te obriga a questionar de novo,

mudando apenas de capítulo.

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